22 Feb 2013

O charme discreto do avançado

O meu pai nasceu em Luanda no dia 9 de Novembro de 1930, filho de Elisa da Conceição Pinto, nascida no Porto, e de Raúl António Águas, natural de Lisboa. Foi registado na freguesia de Nossa Senhora do Carmo com o nome de José Pinto de Carvalho Santos Águas, mas para todos era o Zeca. A família morava no Lobito. Numa tarde trágica de Junho de 1934 em que se festejava o aniversário da fábrica de açúcar na Catumbela, onde trabalhava, Raúl António Águas excedeu-se no esforço despendido no jogo da corda e viria a morrer dias depois com hemorragias internas. Ganhara o seu lado. Deixou Elisa viúva com cinco filhos pequenos. O Zeca tinha três anos e meio de idade e cedo começou a sentir-se e a dizer-se «o pouca xote»... Elisa foi trabalhar na lavagem da roupa dos navios que ancoravam no porto do Lobito, próximo de casa. A pouco e pouco, com a ajuda das colaboradoras africanas, o negócio foi crescendo. Era «uma boa casa, onde se recebiam hóspedes e se serviam refeições», disse-me o primo Diamantino, filho da tia Maria. Maria do Pilar era a irmã mais velha do meu pai; a seguir, na linha de descendência, Raúl António, depois Aníbal, vítima de meningite aos 14 anos. «Jogava muito melhor do que eu!», dizia o meu pai, que nasceu dois anos depois. Três meses antes da tragédia viera ao mundo a Leonor de Fátima, e, poucos anos mais tarde, Maria de Lurdes, de uma breve ligação amorosa de Elisa, que viria a morrer em 1948, aos 53 anos, de coração cansado. Aos 17 anos, o meu pai «vira» já morrer o pai, o irmão mais próximo e a mãe.

 Já em Lisboa, contava a sua vida: «Perdi o meu pai muito cedo, tinha eu três anos e meio. Chamava-se Raul António Águas e era pugilista amador, mas dos bons, pois dizem-me que se batia, e bem, com estrangeiros.»
Ao contrário do seu pai, que «era forte, dos pesados», o meu pai sempre foi «franzino, embora rijo». Toda a sua inclinação era para correr, saltar e jogar à bola na praia, tanto futebol como voleibol. Também se revelou praticante exímio do pingue-pongue. Anos mais tarde, em Lisboa, vendo-o jogar na secretaria do Benfica, Oliveira Ramos, responsável pela secção de pingue-pongue, convidou-o.
 Aprendi em miúda a jogar com ele, na sala de jogos da antiga sede, na Avenida Gomes Pereira, em Benfica.

 Aos 15 anos, para ajudar a mãe e começar a ter um pouco de independência, o Zeca empregou-se como dactilógrafo no Serviço Ford da Robert Hudson & Sons, Ltd., uma firma comercial do Lobito, que negociava vários artigos, entre os quais automóveis, e passou a jogar futebol pelo grupo da Casa. Cedo o Lusitano do Lobito, onde jogava o irmão Raul, começou a andar atrás dele. «Mas a minha mãe, receosa da minha aparentemente fraca compleição física, não me deixava jogar senão pela Casa, em atenção ao emprego...», explicava numa das entrevistas que foi dando ao longo da vida. E numa das crónicas mais pessoais, das muitas que foi escrevendo para várias publicações desportivas, contou como tudo começara:

 «Eu era um miúdo magro e fracalhote. Morava no Lobito, numa casa pequenina, airosa e bonita, junto à estação do caminho-de-ferro. Os apitos dos comboios foram o acompanhamento musical das lágrimas e das gargalhadas dos meus primeiros tempos de jogador… Por trás da minha casa havia a praia, o mundo em que eu havia de arranjar este sarilho de ser futebolista. Eu gostava muito da minha casa e de um pinheiro muito verde que eu plantara quando era muito mais miúdo ainda e viera há menos tempo de Luanda – a terra em que nasci. Meu pai morrera. Minha mãe criava-me com todo o carinho e eu palmilhava todos os dias o caminho da escola, sacola a tiracolo. Era um aluno aplicado, gostava de estudar! Mas, claro, o recreio, as horas de chilreada, felizes e alegres daqueles tempos, eram a minha “perdição”. E a bola – a mágica bolinha – apareceu. Que tardes no areal da praia! Viram-me mexer na borracha e… nada feito, porque a minha mãe achava-me menino fraco demais para aquelas andanças.»

 Com efeito, o meu pai viria a iniciar-se tarde nas lides futebolísticas e só aos 15 anos a mãe o deixou calçar pela primeira vez umas botas de futebol, altura em que apareceu também a jogar na equipa do Lusitano Sports Clube. Entretanto, o Zeca tinha arranjado outros amores… «Gostava imenso de estar na praia, com a minha irmã e mais três ou quatro raparigas, numa brincadeira de nunca mais acabar. Nasceram-me os primeiros e tímidos pêlos da cara… Arrefecera o meu entusiasmo pela bola. Eu era um grande entusiasta do futebol, mas para ver jogar e só ver, simplesmente…» Ainda que de forma pouco assídua,  continuava a representar a Robert Hudson nos torneios comerciais. O chefe era o vice-presidente do Lusitano Sports Clube e ele «devia» jogar todos os domingos. Mas o Zeca fizera-se «cábula» da bola e, dos dezasseis jogos do campeonato, não alinhava em mais de cinco ou seis. «Às segundas-feiras, o meu chefe ralhava-me – eu faltara mais uma vez! Bem, os jogos pela Casa eram aos sábados e os do Lusitano ao domingo, mas não convinha participar num e noutro, para não abusar do esforço. »

 «Uma vez», conta ele, «aconteceu um episódio curioso. Tinha dois jogos importantes, o da Casa num sábado, e o do Lusitano no dia seguinte. Eu estava indeciso, porque os directores do Lusitano não queriam deixar-me jogar na véspera do desafio que lhes interessava. Para contentar ambas as partes, pedi-lhes para me deixarem jogar só um bocadinho no sábado, saindo logo que estivéssemos a ganhar. Concordaram, mas foram para o campo fiscalizar. Entrei a jogar e marcámos dois golos. Saí, como tinha ficado combinado, mas passado um bocado os meus colegas consentiram o empate. Voltei a entrar e daí a pouco o resultado passou para 3-2. Pedi para sair, e novo empate se registou! Lá tive que entrar outra vez, e então fiquei até ao fim. Acabamos por ganhar, salvo erro, por 4-3.»

 A notícia de que o Benfica – campeão Latino desse ano de 1950 – seguiria viagem até África causara uma onda de entusiasmo na grande massa de simpatizantes que viviam e trabalhavam naquelas distantes paragens. O Zeca ficou radiante porque o Benfica era, desde miúdo, o seu sonho dourado, e ansioso por conhecer pessoalmente os seus ídolos de então: o Rogério, o Azevedo e o “Julinho”. «Quando soube que o Benfica ia a África fiquei contente, claro, mas estava longe de julgar que isso viria modificar a minha vida.» Alguns adeptos ferrenhos do Benfica já tinham escrito para Lisboa, dando conta das qualidades de uma jovem promessa do Lobito, mas a direcção do clube mandara dizer que o assunto seria analisado quando a equipa se deslocasse a África, para então avaliarem as possibilidades do jovem jogador... Até que… o Benfica chegou ao Lobito! «Eu andava triste nessa altura e o sonho que desde muito novo acalentava – visitar Lisboa – fazia-me um “roi-roi” no peito. Fui convocado para fazer parte da selecção do Lobito que ia defrontar o Benfica.
Na primeira parte joguei a avançado-centro e na segunda a extremo esquerdo. A selecção do Lobito ganhou por 3-1 e eu marquei dois golos. Joguei e… agradei». Na entrevista publicada na revista Ídolos do Desporto, em 1956, o meu pai acrescentava pormenores: «Recordo-me perfeitamente do primeiro golo que marquei ao Benfica. Por sinal foi um grande golo, modéstia à parte. Eu estava a jogar a extremo, fugi ao Jacinto para o centro do terreno, recebi a bola pelo ar, parei-a com o peito, “desceu” ao pé direito... – e zás! – o amigo Contreiras nada pôde fazer...». A reportagem acentuava: «O primeiro golo de Águas não enganava ninguém e o treinador Ted Smith não era homem para ignorar um jogador daquele nível. Sim, Ted Smith ficou a olhá-lo como um petiz que cobiça um rebuçado. Um golo assim é tratado de futebol, define a bitola de um jogador!...»
 Vale a pena relembrar aqui «Cabecinha de ouro»*, um texto de Arlindo Leitão, jornalista angolano, sobre esse único jogo em que o Zé Águas defrontou o clube do seu coração. «A 19 de Agosto de 1950, o Benfica, campeão de Portugal e da Taça Latina, foi jogar ao Lobito contra a selecção local e levou as suas estrelas. Foi batido claramente pelos lobitangas, por 3-1. Eduardo Gastão – o Pila – antigo jogador do Portugal de Benguela, conta como tudo aconteceu: “Foi num sábado húmido e frio. Ao intervalo registava-se um empate a um golo. Corona marcou pelo Benfica e Lourenço pela selecção. O inglês Ted Smith, técnico do Benfica, perguntava a toda a gente qual era a idade do avançado local, um jovem alto e magro, que o tinha impressionado durante a primeira parte e que lhe parecia muito jovem. No segundo tempo, aos 30 segundos, ainda o mister não se tinha sentado, quando uma ofensiva do Benfica foi interceptada por Zé da Barca – um moçambicano radicado no Lobito – que de imediato entregou a bola a Amândio Couceiro Este fez um passe de morte para o jovem Águas, assim se chamava o tal jogador, que, com um remate seco, bateu Contreiras, colocando a selecção do Lobito a vencer por 2-1. A jogar a extremo esquerdo, Águas fugiu à “carraça” chamada Jacinto, desmarcou-se para o centro do terreno, recebeu a bola pelo ar, parou-a com o peito, fê-la descer pelo corpo esguio e quando chegou ao pé direito, estalou um tiro de canhão. Contreiras estirou-se todo, mas o remate levava rótulo de golo! A multidão que enchia o estádio Engº Raimundo Serrão não queria acreditar. O Benfica estava a perder! Quando todos esperavam o golo do empate, o mesmo Zé da Barca ganhou a bola, endossou-a a Mena Pavão, que de imediato a colocou ao alcance de Águas, e, este fez o seu segundo golo. “Quando o José Águas marcou o terceiro golo da selecção, os flamingos que estavam no mangal, atrás da baliza onde o sol se põe, assustados com o barulho da multidão, levantaram voo e sobrevoaram o campo, como que a homenagear os jogadores do Lobito e, em particular, o atrevido Águas.»

Sobre esse dia longínquo, escreveria o mesmo Arlindo Leitão em 2000: «Naquela altura, correu o boato de que José Águas só tinha sido titular contra o Benfica porque o habitual jogador, Aníbal Cacongo, tinha ido à caça nesse fim-de-semana. Aníbal Cacongo esteve em minha casa em Dezembro de 1998. Aproveitei para lhe perguntar onde estava a verdade. A sua resposta diz tudo: «Quando o Zé, em 1948, apareceu no Lusitano, já era melhor que eu. Tinha um futebol fino, diferente, tratava a bola por tu e era exímio no jogo de cabeça. Podes desmentir isso, nem sequer fui convocado. Continua Leitão: «Para nós, que nascemos em finais da década de 40, a maior referência futebolística da cidade que nos viu nascer era o cabecinha de ouro. Todos queríamos ser o Águas.»
* «Cabecinha de ouro”», texto publicado por Arlindo Leitão em Outubro de 2001, constituiu um precioso auxílio na elaboração deste trabalho. Tal como uma entrevista editada na Crónica Desportiva em Junho de 1957. A seguir ao jogo, o meu pai encontrou-se com os elementos benfiquistas na sede do Lusitano, e foi convidado a ir visitá-los ao hotel, na companhia do seu amigo Nuno Madeira. «Apresentaram-me ao treinador Ted Smith, que me felicitou pelo primeiro golo... E o assunto ficou logo mais ou menos arrumado. Falei com os meus irmãos e chegou-se à conclusão que eu, com quase 20 anos, podia muito bem tentar a sorte.» (Antes de vir para o Benfica, o meu pai estivera mais ou menos comprometido com o F. C. Porto, mas foi guardando o contrato na gaveta, sempre esperançado no Benfica. Era uma questão de inclinação, que já vinha de família...) Dias depois, quando a caravana benfiquista deixou o Lobito, levava mais um elemento. Um novo jogador a quem o gigante louro oferecera não só um lugar na equipa mas o seu casaco de benfiquista. Ted Smith, o atlético treinador inglês, tomou a iniciativa de lhe emprestar o seu próprio casaco, igual ao dos jogadores. O meu pai vestiu-o, ainda que soubesse que ficava a «nadar» dentro dele. Foi então que ele sentiu – tal como se tivesse envergado a sua primeira camisola encarnada – que pertencia já ao Benfica, ao clube da sua paixão. Integrado na embaixada dos campeões nacionais e latinos, sentindo à sua volta o calor de uma instintiva simpatia, o Zeca sentia-se «Benfica» dos pés à cabeça. O seu corpo delgado (embora mais vigoroso do que poderia depreender-se da sua aparência quase franzina), ficava a dançar dentro da vestimenta vermelha que o possante inglês lhe cedera. Todos riram perante o espectáculo quase grotesco daquele jovem envergando um casaco que lhe ficava larguíssimo. Ele próprio riu também, porque via os outros rir e não queria que pensassem que «afinava» com a risota. Mas lá no fundo da alma, sem que os outros se apercebessem, despertara um sentimento novo, a secreta alegria de alguém que vê satisfeito um sonho bonito. – Sou jogador do Benfica! Era espantoso como aquele grande casaco o impressionava tanto. Outros jogadores ter-se-ão impressionado ao vestir pela primeira vez a camisola do clube da sua paixão. Com o Zé Águas sucedera algo diferente. Desde aquele dia ele fazia parte da caravana benfiquista em digressão por África. Não tinha ainda feito qualquer jogo, mas todos acharam que, fazendo ele parte, daí em diante, da equipa benfiquista, devia envergar o uniforme do clube – casaco vermelho, com o emblema do clube ao lado esquerdo, e calça cinzenta. Foi preciso devolver o casaco ao seu dono e arranjar outro que lhe servisse melhor. A impressão, essa permaneceu viva.

 «Pediram-me para acompanhar a equipa no resto da digressão pela Província de Angola, solicitei uma licença no emprego e lá segui, estreando-me com a camisola encarnada em Sá da Bandeira, onde marquei três golos.» A primeira viagem – de avião para Moçâmedes – foi um verdadeiro suplício. Quase todos enjoaram, entre eles o próprio Águas. Ted Smith decidiu poupá-lo e deixou-o de fora da convocatória, só o pondo a jogar, dias mais tarde, em Sá da Bandeira. Com mal disfarçada emoção, o Zeca vestiu a camisola encarnada dos seus sonhos e assinalou condignamente essa honraria, marcando três dos sete golos que o Benfica obteve na tarde de 27 de Agosto de 1950, contra o colectivo local. Aliás, entrou a 25 minutos do fim e apontou três golos. Foi obra! Fez mais dois golos em Silva Porto e um na Bela Vista. «Enquadrado numa equipa da categoria do Benfica, ao lado de um Rogério, de um Arsénio e do próprio Julinho, que mais tarde ou mais cedo viria a substituir no eixo do ataque benfiquista – avultavam os seus enormes recursos de jogador fino, inteligente e rematador.» Em trabalho de reportagem para o seu jornal, Rebelo da Silva escreveu então para Lisboa: «Houve aqui a novidade da apresentação de um novo recruta para o Benfica, um avançado-centro de apelido Águas, seco de corpo mas de grande habilidade, um jovem de dezanove anos que leva consigo a esperança de uma boa promessa para o futebol continental.»

 No terreno de jogo, o seu talento já dava que falar e começava a alimentar a prosa dos jornalistas e repórteres que acompanhavam a par e passo o fenómeno desportivo. Fora de campo, caíra nas boas graças de todos os companheiros de equipa, pela ingenuidade e pela simpatia natural e espontânea. Na revista Ídolos do Desporto, em Novembro de 1960, rezava assim a crónica: «Teve de suportar aquelas paródias que normalmente se fazem aos novatos – a cama que cai, a falsa chamada telefónica, a entrevista inventada – mas a tudo se prestava com o melhor sorriso, radiante por se ver no convívio do Rogério, do Arsénio, do Chico Ferreira e de outros que ainda ontem eram para ele uns ídolos distantes e inacessíveis e que via, agora, à sua volta, a mostrarem-lhe uma amizade e uma camaradagem que o traziam verdadeiramente deslumbrado e como que incrédulo de tudo aquilo ser mesmo verdade.» Não viajou para a metrópole com a equipa, pois ainda teve que resolver o assunto da licença militar.

Aterrou em Lisboa no dia 18 de Setembro de 1950, numa segunda-feira que nunca esqueceu. À chegada declarava estar satisfeitíssimo por ter chegado, e confessava: «Aqueles dez dias de alegre convívio com a rapaziada, por terras de Angola, deixaram-me uma saudade grande, e um desejo enorme de que estes dias passassem rapidamente.» E ao jornalista Rosa de Matos confidenciava: «Para um benfiquista que joga futebol, creio que a maior ambição é representar o seu clube». Mais. «Sinto-me animado de fé. Só assim poderei triunfar.»
Em 1951, num dos muitos artigos que escreveu e que ficaram ao longo de todos estes anos religiosamente guardados em pesados álbuns de recortes, relembrava: «Depois da morte da minha mãe a minha terra já não tinha para mim o ambiente feliz dos meus primeiros tempos. Havia a dor e a saudade no meu peito, que seriam a razão definitiva do salto que eu ia dar. E vim para Lisboa. A minha disposição era de estar aqui um ou dois anos – eu não me habituara à ideia de que podia fazer vida como jogador de futebol… O que depois se passou já toda a gente sabe. Cá estou…» Já nessa altura o discurso do meu pai era o de um homem movido por sentimentos fortes. E, logo na primeira entrevista concedida ao jornal A Bola, fez questão de deixar bem claros os seus propósitos: «Trago comigo a obrigação moral de não desiludir os meus amigos, todos quantos em mim confiam e os desportistas do Lobito. Procurarei vencer, por eles e por mim.» Mas «quando desembarcou em Lisboa, ninguém dava nada por ele, como avançado-centro.», escrevia Manuel Sequeira em 93.

 «Alto, fino, magro, como aguentaria o jogo dentro da área, numa altura em que o futebol era jogado de faca na liga? Poucos seriam capazes de adivinhar que aquele rapaz bem-parecido, com pinta de actor de cinema, seria, 12 anos mais tarde, o grande José Águas, um dos mais notáveis avançados de sempre do futebol português, reconhecido unanimemente como o melhor cabeceador que os nossos estádios conheceram até hoje. Viajei com ele dezenas de vezes, pelo Mundo, com o Benfica e com a Selecção Nacional. A equipa chegava aos aeroportos, José Águas, alto, sempre vestido com elegância, óculos escuros, era automaticamente referenciado, pelas estrangeiras, como o homem a abater...»* ___________ «Charme (in)discreto do avançado... alto, fino e magro», texto de Manuel Sequeira, publicado em 1993 no jornal A Bola.